[Autora do mês de Março] Quarto de despejo: diário de uma favelada - Carolina Maria de Jesus
Capa do livro - Editora Ática - Foto reprodução - Instagram: @cafecomlivrossp |
Olá leitorxs!
✔ Março está acabando e com ele o nosso último post sobre a autora homenageada desse mês, Carolina Maria de Jesus. A primeira resenha que eu postei aqui no ig, coincidentemente, foi sobre o livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”. Na ocasião, eu tinha acabado de conhecer a autora, e me encantado profundamente com a sua escrita. Hoje conhecendo-a um pouco mais a fundo, percebo o quanto o racismo institucionalizado durante anos, trabalhou para o apagamento e silenciamento de vozes negras, como Carolina Maria de Jesus.
📌 “Quarto de despejo: diário de uma favelada” foi o livro mais vendidos no Brasil na época do seu lançamento, elevando Carolina, até então desconhecida, ao patamar de escritores como Jorge Amado, que já possuía carreira reconhecida como escritor.
📌 Quando falamos sobre a obra, a maioria das pessoas reduzem essa produção a um simples relato contundente sobre o cotidiano da população que vivia em condições precárias na favela do Canindé. O que de todo não está errado. No diário, a narração de uma mulher negra, catadora de papel, que retira do lixo o sustento para os seus três filhos, ganha força e apresenta ao leitor as dificuldades encontradas por Carolina na busca de uma vida digna, em condições de extrema pobreza. Diversos temas perpassam as páginas desse livro que mesmo sessenta anos após o seu lançamento, continua atual, simbolizando a potência e atemporalidade da escrita da autora. Porém, eu gostaria de destacar um pouco o caráter poético que a obra assume, uma das facetas pouco explorada da escritora.
📌 Carolina, mesmo semianalfabeta, demonstrou uma sagacidade enorme em seus escritos. A visão apurada da realidade e a facilidade em traduzir isso em textos, revelam a sua destreza poética e nos brinda com metáforas incríveis. Tomemos como exemplo o título da obra, quarto de despejo, termo utilizado para descrever a favela do Canindé, pois, segundo Carolina, lá era um lugar de abandono, no qual as pessoas pobres eram “jogadas” e lá ficavam totalmente desassistidas do poder público, sendo obrigados a viver em condições sub-humanas no meio das mais diversas injustiças sociais. Essa expressão, já revela ao leitor um refinamento poético encontrado em poucos autores.
📌 Outra metáfora interessante descrita por Carolina é o tom amarelado que a fome recebe nas linhas do seu texto. Essa cor amarelada faz referência à bílis, ela por sair diversas vezes para trabalhar sem comer, vomitava e a cor amarela (esverdeado) fazia com que a fome assumisse o mesmo tom gosmento da bílis.
✔ Os textos de Carolina são ricos e repletos de termos que, em sua escrita simples, são transformados em poesia, embora nem sempre debatido, talvez esse seja um dos motivos que ainda hoje “Quarto de despejo” ainda faça tanto sucesso.
❓❓ Vocês já leram “Quarto de despejo”? Conta pra gente nos comentários.
Até mais e boas leituras queridxs! ☕📚😍💜
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