[Autora do mês de Março] Carolina Maria de Jesus - O colono e o fazendeiro - poema e pequena análise
Foto reprodução: Revista Cult - UOL |
Um pouquinho mais de Carolina Maria de Jesus para vocês... 📖🖋
Diz o brasileiro
Que acabou a escravidão.
Colono sua o ano inteiro
E nunca tem um tostão.
Se o colono está doente
é preciso trabalhar.
Luta o pobre no sol quente
E nada tem para guardar.
(...)
Colono não tem futuro
e trabalha todo dia
o pobre não tem seguro
e nem aposentadoria.
Êle perde a mocidade
a vida inteira no mato
e não tem sociedade
onde está seu sindicato?
Passa o ano inteiro
trabalhando – que grandeza!
enriquece o fazendeiro
e termina na pobreza.
(...)
📌 Esse poema se chama “O colono e o fazendeiro”, foi publicado no livro “Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada" e hoje, dia 21 de março, dia mundial da poesia trago esse presente para vocês. Poucas pessoas sabem que a trajetória de Carolina Maria de Jesus com a literatura vai além da escrita de diários, gênero que a consagrou. A exemplo do poema acima, a escritora tinha muitas faces, faces essas ainda pouco exploradas, mas que nos revelam a sua competência literária. No poema em questão ela faz alusão a vida das pessoas que viviam na favela com o homem do campo, pois, ambos são explorados pelos “fazendeiros” ou patrões da atualidade. Não é difícil imaginar de onde vem a inspiração para a metáfora, Carolina, que vem de um contexto rural viu essa exploração de perto, inclusive narra algumas passagens dessa parte da sua vida em “Diário de Bitita”. O tom de denúncia, característica marcante da sua escrita, aparece de forma latente nesses poucos versos, revelando, mais uma vez, a sua atemporalidade e o porquê Carolina merece o seu destaque na literatura.
❓❓ E vocês gostam de poemas? Qual o último livro desse gênero você leu?
Até mais e boas leituras queridxs! ☕📚😍💜
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