[Resenha] Na minha pele – Lázaro Ramos
Capa do livro - Foto de Capa: Bob Wolfenson - Editora Objetiva |
“Esses somos nós, reflexos de um espelho quebrado que, como um mosaico, apresenta um pedacinho de nossa história.” (p. 67).
Não definir o texto como como uma autobiografia e sim um registro de experiências. Acredito, esse ter sido um dos fatores que influenciaram o grande êxito do livro. O autor consegue transformar, usando as suas experiências, a obra em um “papo reto” com o leitor. Essa característica vai sendo apresentada sutilmente; e ao mesmo tempo que o autor nos conta as suas histórias, consegue nos fazer refletir e pensar em diversas questões presentes em nossa sociedade.
A franqueza ao tratar sobre o Racismo. O debate é mostrado de forma objetiva, o autor não está preocupado em expor de onde o Racismo veio, e sim mostrar que ele existe, que está presente em nosso dia a dia, as vezes de forma velada, outras vezes nem tanto, e que é preciso combate-lo sempre. Isso nos revela também, que a escolha do título “Na minha pele” foi feita de forma muito consciente, o que para alguns parece “mimimi”, nas vivências de Lázaro Ramos transparece as violações sofridas diariamente pela população negra.
“Mas quem é negro como eu sabe que a cor é motivo de discriminação diária, sim.” (p. 49).
Utilizar como referência o programa de TV “Espelho”, apresentado por ele, no qual, entrevista diversas personalidades, abordando os temas mais diversos possíveis. Citar algumas dessas entrevistas, apresenta ao leitor outros pontos de vista, e concomitante a isso, tomadas de consciência que ele só tivera nessas trocas frequentes, sinalizando que os posicionamentos não nascem com a gente, são nos ensinados no decorrer da vida. Afora isso, podemos citar também referências a outras personalidades e livros que vão ajudar no entendimento e na ampliação do debate sobre o Racismo.
“Resistir é preciso, assim como reexistir. Novas formas, caminhos, caras e vozes.” (p. 129).
Por fim, temos aqui um livro muito bacana, que por meio de experiências pessoais, Lázaro Ramos nos conta um pouco da sua história, refletindo sobre ser negro no Brasil e como isso vai influenciar em sua trajetória. O debate sobre Racismo é feito de forma direta, porém muito natural e coerente, acredito que o texto atinge o seu objetivo central e contribui para a continuidade dessa discussão. Indico como leitura a todos, creio que valha a pena perder algumas horinhas do seu dia para essa leitura.
Sobre o autor:
Luís Lázaro Sacramento Ramos mais conhecido como Lázaro Ramos, nasceu na Bahia em 01 de novembro de 1978. Hoje um dos atores mais conhecidos e influentes da televisão brasileira. Além de ator, é escritor, apresentador, produtor e cineasta. Começou a estudar teatro muito novo, aos 15 anos entrou para o Bando de Teatro Olodum, grupo baiano, composto por atores negros. Seu primeiro grande sucesso foi com “Madame Satã” (2002), a partir daí não parou mais. Colecionando diversos prêmios na carreira, no ano 2007 foi indicado ao Emmy pela sua atuação na novela “Cobras & Lagartos” (2006) exibida pela Rede Globo de Televisão, onde interpretava o personagem “Foguinho” (inspirou o nome do meu gato, risos). Como escritor, tem dois livros infantis publicados “Cadernos de rima do João” e a “Velha sentada”. Como ator, participou de filmes como “O homem que copiava” (2003) e “Cidade Baixa” (2005), e também de várias novelas, como “Insensato coração” (2011) e “Lado a Lado” (2012). Em 2009 foi nomeado embaixador da Unicef. Atualmente é casado com a atriz Taís Araújo, pai de dois filhos, comanda o programa de entrevistas “Espelho”, exibido pelo canal Brasil e também é protagonista, junto com a sua esposa, na série de TV “Mister Brau” (Rede Globo).
Foto Reprodução: Instagram |
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