[Resenha] O que é lugar de fala? - Djamila Ribeiro
Capa do Livro - Coleção: Femininos Plurais Editora Letramento |
Pegando como gancho essa última afirmação, começaremos os destaques pela linguagem presente no livro. A autora de “O que é lugar de fala?”, munida de muito conhecimento, oferece aos seus leitores uma leitura muito fácil e fluída. Mesmo se tratando de um texto acadêmico, a linguagem utilizada por ela é, de modo geral, compreensível a todos, estando ou não inseridos no meio acadêmico, proporcionando uma leitura rápida das suas 113 páginas. Acredito que essa facilidade proporcionada pelo texto seja proposital, ocasionando uma ampla divulgação do livro e uma estratégia para alcançar os mais diversos públicos.
A reflexão fundamental a ser feita é perceber que, quando pessoas negras estão reivindicando o direito a ter voz, elas estão reivindicando à própria vida. (p. 45).
Pensando nisso, essa reivindicação de direitos e de espaços que sempre nos foram negados, não parte das experiências pessoais de cada um e sim da junção de todos esses discursos, não como forma de diminuir a luta deste ou daquele grupo social e sim como forma de se fazer ouvir, se igualando às vozes privilegiadas pelas posições que sempre tiveram.
Quando falamos de direito à existência digna, à voz, estamos falando de locus social, de como esse lugar imposto dificulta a possibilidade de transcendência. Absolutamente não te a ver com uma visão essencialista de que somente o negro pode falar sobre racismo, por exemplo. (p. 66).
Assim, o livro “O que é lugar de fala?” traz uma reflexão profunda, principalmente se pensarmos na diversidade social existente e nas contribuições que essas podem oferecer ao coletivo. Aceitar tal realidade contribui para assegurar que os grupos que estiveram a margem sejam ouvidos, visando uma sociedade mais justa e igualitária para todos, nesse sentido, o texto se torna inovador pela coerência contida em suas páginas. Por fim, temos aqui um livro coerente e muito valoroso, que vale a pena perder umas horinhas do seu dia para uma boa leitura.
O grupo que sempre teve o poder, numa inversão lógica e falsa simétrica causada pelo medo de não ser único, incomoda-se com os levantes de vozes. Entretanto, mesmo com essas rachaduras, torna-se essencial o prosseguimento do debate estrutural, uma vez que uma coisa não aula a outra, definitivamente. (p. 89).Sobre a autora:
Foto: Arquivo Pessoal da autora, retirada da internet |
Djamila Taís Ribeiro dos Santos, nasceu na cidade de Santos – SP em 01 de agosto de 1980. Mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo – Unifesp. Acadêmica brasileira, filosofa, feminista e ativista, vem fazendo um forte debate público com atuação nas redes sociais, abordando também a urgência em se quebrar os silêncios instituídos nos mais diversos espaços, atuando sempre em favor da população negra e da minorias marginalizadas. Tem dois livros best sellers publicados “O que é lugar de fala?” (2017) e “Quem tem medo do Feminismo negro? (2018).
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