[Resenha] Eu sou Malala: A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã. - Malala Yousafzai com Christina Lamb
Capa do livro - Foto: Antonio Olmos - 1ª Ed - Editora Companhia das Letras |
Na sua autobiografia, escrita em parceria com a jornalista Christina Lamb, Malala conta a sua história, revelando os detalhes de sua vida e como seu esforço e luta pelos direitos das mulheres culminou no atentando que sofrera aos 15 anos, fazendo com que a sua voz fosse ouvida pelo mundo inteiro.
(...) a falta de educação é a raiz de todos os problemas do Paquistão. A ignorância permite que os políticos enganem as pessoas e que maus administradores sejam reeleitos. Ele (o pai) acredita que a escolarização deve ser acessível a todos, ricos e pobres, meninos e meninas. (p. 50).
Já no prólogo temos um vislumbre do atentado que quase acabou com a sua vida, em uma das primeiras frases do texto Malala afirma “Ser arrancada de uma nação que se ama é algo que não se deseja a ninguém”, e assim ela vai abrindo as suas memórias e nos guiando de volta ao passado, ao seu passado, a partir daqui, cada passagem do texto contribui para o entendimento da formação do seu caráter e de onde vem a vontade de ajudar o próximo. Ela finaliza o prólogo, relembrando as palavras do homem antes de ser atingida pelo tiro, acrescentando a frase que dá título ao livro, “Quem é Malala? Malala sou eu, e esta é a minha história”.
“Comecei a entender que a caneta e as palavras podem ser muito mais poderosas do que metralhadoras, tanques ou helicópteros. Estávamos aprendendo a lutar. E a perceber como somos poderosos quando nos manifestamos”. (p.167).
O livro se divide em cinco partes. Na primeira parte ela contextualiza o leitor, narrando um pouco sobre a vida da sua família, falando um pouco sobre os costumes paquistaneses e como o seu pai tem influência em sua vida, pois, ele é o principal responsável por encorajá-la a debater e questionar o papel da mulher naquela cultura e no direito à educação delas. Na segunda parte é o momento que o Talibã se instala no Swat, a região que ela morava e como eles são decisivos para o fechamento das escolas voltadas para a educação das meninas. Na terceira parte, ela mostra ao leitor como se tornou a voz das mulheres no Paquistão e como essa exposição culminou no atentado que sofreu. Já na quarta parte do livro, retrata os momentos de desespero que acometeu a sua família, principalmente pela falta de notícias sobre o estado de saúde da sua filha; revela também a falta de infraestrutura básica de saúde no Paquistão e a sua viagem à Inglaterra para dar continuidade ao tratamento. Por fim, na última parte ela fala sobre a adaptação dela e da família na cidade de Birmingham, na Inglaterra.
“’Educação é educação. Deveríamos aprender tudo e então escolher qual caminho seguir’. Educação não é oriental nem ocidental, é humana”. (p.172).
Finalizando, é um texto de fácil compreensão, que ao mesmo tem grande profundidade. O mais interessante nessa obra foi conhecer um pouco da cultura paquistanesa e suas particularidades, o universo religioso que nos é mostrado e como o extremismo pode ser nocivo a uma comunidade. Podemos observar também empoderamento de uma garota, por meio da luta pela educação feminina e perceber que o exemplo de Ziauddin, Pai de Malala, e o apoio da sua família, deu a ela a força necessária para tentar mudar toda a realidade em que vivia. Acredito que os relatos da vida de Malala ultrapassam a importância dos diversos prêmios que ela alcançou em sua caminhada e hoje ela é considerada uma das figuras mais relevantes na luta e empenho pela educação mundial. Por fim, cabem nessa pequena análise uma das suas frases mais emblemáticas que demonstram toda a sua sensibilidade que o acompanhou a vida inteira “Conheço a importância da educação, porque me tiraram à força meus livros e canetas. Mas as meninas do Swat não têm medo de ninguém. Continuamos a nossa educação” (p.225).
Ótimo livro!
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